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Acusado do assassinato de Marielle paga publicidade para projeto de combate ao feminicídio
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O deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) utilizou dinheiro da cota parlamentar para a divulgação de texto com autoria própria que inclui medidas cautelares contra agressores na Lei Maria da Penha.
- Por Camilla Ribeiro
- 26/03/2024 18h15 - Atualizado há 8 meses
Chiquinho Brazão, deputado federal (sem partido-RJ) fez uso de quase R$ 14 mil da cota parlamentar em fevereiro de 2024 em uma divulgação de um projeto que propõe o combate a violência contra a mulher e prevenção do feminicídio.
Neste domingo (24) Brazão foi preso acusado de mandante da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Marielle foi vítima de feminicídio político em 2018. Três anos depois, em 2021, o deputado protocolou o projeto na Câmara dos Deputados.
De acordo com a Polícia Federal, a morte de Marielle foi idealizada pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e planejada pelo ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa.
Na apresentar do seu projeto, Brazão citou como justificativa o relatório da ONU que apontou o aumento da taxa de feminicídios em 20% entre março e abril de 2020.
Ao reassumir o mandato de deputado, em fevereiro de 2024, após ocupar a cadeira de Secretário Especial de Ação Comunitária do Rio de Janeiro, Brazão fez uso de R$ 13.980 dinheiro da cota parlamentar para uma publicidade do projeto em blogs da sua base eleitoral.
Novamente o deputado usou o aumento do número de feminicídios para tentar alavancar o projeto, que não andou na Câmara.
“Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram que 111 mulheres foram vítimas de feminicídio no Estado do Rio de Janeiro em 2023. Desse contingente 60% eram negras, na faixa etária entre 30 e 59 anos. Dois terços eram mães, e a metade dos filhos era menor de idade. Em 17 casos, eles presenciaram os crimes”, diz texto publicado em um blog de Bom Jesus de Itabapoana.
O projeto, entre outros destaques, determina o recolhimento noturno ou o recolhimento domiciliar integral dos agressores, a proibição de frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congênere, domiciliar e a utilização de tornozeleira eletrônica.
Organização criminosa
O ato de prisão dos suspeitos fez parte da Operação Murder, Inc., que foi deflagrada neste domingo pela Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria-Geral da República e Ministério Público do Rio de Janeiro.
Os irmãos envolvidos no crime são políticos com longa trajetória no estado do Rio de Janeiro. Historicamente, essa família tem um reduto eleitoral e político na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, essa região é dominada por grupos paramilitares.
Rivaldo também está sendo investigado por obstrução da investigação, ele assumiu a chefia da Polícia Civil um dia antes do atentado. E era uma pessoa da confiança da família de Marielle.